Fragilidade de Lula no Congresso pode impedir ascensão de Dino ao cargo de ministro

A fragilidade do próximo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), perante o Congresso Nacional, onde formou-se maioria bolsonarista para Câmara e Senado para próxima legislatura, pode impedir a ascensão do ex-governador e senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino (PSB), ao cargo de ministro no governo do petista que se inicia em janeiro.

A informação foi revelada pela Folha de São Paulo em reportagem divulgada neste fim de semana.

Dino, desde que Lula foi eleito, no dia 30 de outubro, vem sendo cotado pela imprensa nacional para deixar a Câmara Alta e tornar-se auxiliar do presidente eleito no primeiro escalão da sua gestão – reveja, reveja e reveja.

De acordo com a reportagem, ao menos seis senadores, entre atuais e eleitos, estão na bolsa de apostas para ocupar ministérios do futuro governo.

Três deles são considerados peças-chave: Flávio Dino, Wellington Dias (PT-PI) e Jaques Wagner (PT-BA).

O trio compõe a lista de favoritos de Lula para algumas das funções mais relevantes da Esplanada, como Justiça, Casa Civil, Economia e Defesa.

Lula não abriu mão de nenhum desses nomes, mas avisou a petistas que levará em conta a perda de capacidade política que essas nomeações poderão ter no Congresso.

Os senadores teriam que se licenciar de seus mandatos para assumir cargos no governo, o que deixaria as vagas no Legislativo nas mãos de suplentes.

Ainda que esses substitutos sejam considerados aliados, Lula acredita que o governo poderia perder a capacidade de articulação e a liderança de políticos experientes.

O risco seria considerável dentro de um Senado que elegeu representantes de peso do bolsonarismo na última eleição – como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Sergio Moro (União-PR) e Damares Alves (Republicanos-DF).

O presidente eleito tem dito que a escolha das peças para o ministério vinha causando “até pesadelo”, segundo um petista. A formação de uma coalizão ampla e a busca por governabilidade no Congresso são fatores de interferência nessas indicações para o primeiro escalão.

A dificuldade incomoda petistas que participam das discussões para a formação do novo ministério. Eles consideram que seria frustrante abrir mão de quadros vitais para o governo no Executivo, ainda que reconheçam que o cobertor é curto demais para contemplar também uma base forte no Congresso.

O quadro obrigaria Lula a fazer escolhas dentro do rol de senadores já cotados para cargos no primeiro escalão.

Até aqui, por exemplo, o petista deu indicações de que prefere ter Flávio Dino no Ministério da Justiça ou da Segurança Pública a mantê-lo no Senado.

Durante um comício em setembro, Lula disse que o maranhense seria eleito senador, “mas não será senador por muito tempo”. A suplente de Dino é a vice-prefeita de Pinheiro (MA), Ana Paula Lobato (PSB).

Um grupo de aliados do petista pondera, no entanto, que Dino seria a melhor figura para fazer frente a Sergio Moro no Senado. Ambos têm origem na magistratura, e petistas costumam exaltar o fato de o ex-governador ter passado em primeiro lugar no concurso que prestou para juiz federal.

Além disso, Dino foi governador do Maranhão por duas vezes e é reconhecido entre pares, no Judiciário e mesmo entre adversários como um personagem conciliador e articulado.

Não haveria nome melhor, portanto, para neutralizar Moro e evitar que ele cresça como um expoente da direita herdeira do presidente Jair Bolsonaro (PL), cacifando-se eleitoralmente.

A permanência de parlamentares experientes é considerada uma ferramenta importante para o PT tanto para enfrentar a oposição, como para reduzir a dependência de acordos políticos pontuais e facilitar a aprovação de propostas de interesse do governo.

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