Palanque do PT se divide no Maranhão

Valor Econômico – O senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSB), dois pré-candidatos ao governo do Maranhão, travam nos bastidores uma batalha para ter Lula no palanque durante a campanha eleitoral.

Distante historicamente do PT por construir sua trajetória política no PSDB, Brandão
aposta na ligação do governador Flávio Dino (PSB) com o petista para evitar que o ex-presidente esteja também ao lado do adversário.

O primeiro passo já foi dado. A pedido de Dino, que se lançará ao Senado, o vice-governador migrou do PSDB para o PSB. A filiação ocorre nesta quarta-feira em Brasília no mesmo evento em que Geraldo Alckmin oficializará a entrada no partido.

O senador Weverton Rocha, que se classifica como o “amigo de Lula no Maranhão”, acredita que o petista não irá ao Estado durante a campanha por não aprovar a escolha de Brandão.

Aliados do pedetista dizem que, na pior das hipóteses, o ex-presidente deve subir nos dois palanques, mesmo que o senador integre o partido do pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT).

O presidente do PDT, Carlos Lupi, já comunicou que não enxerga problemas de palanque duplo nos Estados.

No fim de janeiro, Weverton Rocha esteve com Lula em São Paulo. O encontro foi bastante explorado nas redes sociais do senador pedetista.

Foram postadas várias fotos ao lado de um Lula sorridente.

“Eu vi recentemente na imprensa local que há uma briga pela imagem do Lula aqui no Maranhão. O Lula, todos sabem, que no momento mais difícil da vida dele, eu estive do lado. Quando ele estava preso, fui lá visitar”, diz.

Weverton em vídeo divulgado na internet. “Agora, pessoas que sempre estiveram contra ele, que nunca defenderam nosso campo progressista, se passam por lulistas”, complementou.

Nas redes sociais, Brandão tem procurado enaltecer os apoios que vem recebendo.

Até o momento, não fez postagens destacando o ex-presidente Lula. Mas, nos bastidores, o governador Flávio Dino já articula encontro entre o ex-presidente e Carlos Brandão.

A partir de abril, Brandão toma posse como governador no lugar de Dino.

“Filio-me na próxima quarta-feira em Brasília ao PSB. Momento marcante da minha trajetória política, fruto de um projeto construído coletivamente. Vamos em frente”, disse Brandão nas redes sociais.

O PT deve indicar a vice na chapa governista. O presidente do partido no Maranhão, Francimar Melo, também comunica que há discussão de indicação do suplente de Flávio Dino na disputa pelo Senado. Ele diz que ainda não há definição da legenda nacionalmente sobre como será a atuação de Lula na campanha no Estado.

O dirigente participou de encontro com o petista em fevereiro. “Não temos uma posição ainda formalizada. Isso vai ser decido pela direção nacional. Não sabemos se o palanque será duplo ou único”, declarou. Em agenda no Maranhão em agosto do ano passado, o ex-presidente fez registros fotográficos com os dois pré-candidatos.

No lado bolsonarista, há dois pré-candidatos: o senador Roberto Rocha (PSDB) e o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (sem partido).

Apesar da disputa entre Carlos Brandão e Weverton Rocha, petistas próximos ao ex-presidentes acreditam ser inevitável que Lula vá ao Maranhão durante a campanha presidencial e suba em ambos os palanques.

Segundo um interlocutor do partido, o ex-presidente sabe que esta não será uma eleição fácil e, por isso, não pretende dispensar nenhum aliado nos Estados.

Pessoas do entorno de Lula ressaltam também que ele é conhecido pelo “jogo de cintura” nesse tipo de situação. Um dos casos mais emblemático aconteceu em 2006, quando o ex-presidente conseguiu levar ao mesmo palanque Eduardo Campos, ex-governador pelo PSB que morreu num acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014, e o senador Humberto Costa (PT-PE).

Os dois disputavam, na época, o governo de Pernambuco, mas, apesar do constrangimento, aceitaram estar lado a lado por causa do líder petista.

Outro ponto que deve influenciar Lula é a proximidade dele com o Flávio Dino.

Integrantes do partido apontam que o petista tem uma relação de longa data com Dino e, diante disso, não poderia recusar um pedido do governador do Maranhão.

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